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Notícias Rebrae
Falar sobre os benefícios dos alimentos auxilia crianças a comerem mais saudável, dizem pesquisadores.

Quem já não ouviu da mãe: “O espinafre vai te deixar mais forte” ou “O abacate vai te dar energia pra brincar mais”?

E ela estava certa! Não só em relação aos benefícios dos alimentos, mas também na forma de incentivar hábitos mais saudáveis. Quem confima isso é um estudo americano publicado há poucos dias no Journal of Nutrition Education and Behavior da Washington State University e Florida State University scientists.

Durante o experimento, os pesquisadores ofereceram alimentos saudáveis ​​para um grupo de crianças de 3 a 5 anos por seis semanas. Antes de começar, as 87 crianças do experimento classificaram o quanto gostaram de quatro alimentos escolhidos de diferentes grupos de alimentos, como pimentões verdes (vegetais), tomates (vegetais), quinoa (grãos) e lentilhas (proteína). Então, duas das comidas que mais gostavam foram oferecidas a elas duas vezes por semana. Ao longo dos testes, os cientistas também apresentaram às crianças um de seus alimentos de baixa classificação com argumentos sobre os benefícios dos alimentos. A outra comida era simplesmente dada a eles para provar, isso tudo dentro da rotina normal das crianças. 

Foram usadas frases que se concentram nas metas que as crianças têm e baseiam-se em informações nutricionais precisas, como:

“Os tomates impedem que você fique doente e são bons para o seu coração!”

“Quinoa faz você correr rápido e pular alto!”

“As lentilhas ajudam-no a aprender e ajudam-no a crescer!”

“Os pimentões impedem que você fique doente e são bons para o coração!”

INCENTIVE EXPLICANDO!

Ao fim dos testes, os pesquisadores chegaram à conclusão de que as declarações afirmativas foram mais eficazes em fazer as crianças comerem alimentos saudáveis ​​do que apenas apresentá-los repetidamente sem conversas. “Descobrimos que, um mês depois, as crianças comeram o dobro da comida que foi apresentada com benefícios em comparação com a sem palavras positivas”, diz Jane Lanigan, professora associada do Departamento de Desenvolvimento Humano da WSU e principal autora do estudo. “Toda criança quer ser maior, mais rápida, capaz de saltar mais alto. Esses argumentos tornam a comida mais atraente”, completa.

Com o tempo, o estudo mostra que o uso destes “incentivos” provavelmente aumentará a quantidade de alimentos saudáveis ​​que as crianças comem. “Eu tenho dois filhos e eu provavelmente poderia ter feito as coisas de forma diferente ao tentar levá-los a comer de forma mais saudável. Queríamos preencher uma lacuna, onde os pais costumam dizer o que os filhos deveriam comer, mas não como fazê-los comer. E isso é realmente importante”, conclui.

Pesquisas anteriores mostram que oferecer alimentos repetidamente aumenta a probabilidade de que as crianças experimentem algo novo. No entanto, segundo Jane, o contexto dessas ofertas nunca foi levado em consideração. 

PALAVRA DE ESPECIALISTA

Para a nutricionista Andreia Friques, presidente da Associação Brasileira de Nutrição Materno Infantil, falar sobre os benefícios dos alimentos é algo que tradicionalmente já acontece nas famílias brasileiras. “A minha percepção como pesquisadora inclusive, é que o estilo de vida moderno está afastando as famílias daquilo que é natural. As crianças americanas, por exemplo, não sabem o conceito da palavra ‘cozinhar’. Estudo mostram que muitas acreditam que isso seja apenas abrir um pacote e colocá-lo no microondas, pois muitas famílias não cozinham mais. E isso, infelizmente, está chegando no nosso país”, explica.

“As famílias não se reúnem mais à mesa. Muitas vezes, os pais subestimam seus filhos, achando que eles não vão entender, mas eles entendem, sim. A criança tem que olhar para o prato, saber os nomes dos alimentos, e os pais precisam explicar que quando se ‘come colorido’, a criança fica mais forte e menos doente. Isso é um processo, leva um tempo, mas quando o psicológico entende, nosso corpo começa a aceitar melhor os alimentos”, completa Andreia. 

DICAS PARA OS PAIS

Segundo a nutricionista, primeiro, os pais precisam entender que, geralmente, até um ano e meio, a criança costuma comer bem. Mas a partir dessa idade, o ritmo de crescimento desacelera, então, a necessidade calórica diminui. “Naturalmente, ela passa a ingerir volumes menores de comida. E é aqui que as famílias se desesperam. Nessa fase, a criança já tem suas preferências. Então, um erro comum é oferecer outros alimentos como biscoitos, bolos e doces, porque os adultos preferem que ela coma algo do que não comer nada ou comer pouco”, alerta. 

Portanto, além de explicar sobre benefícios dos alimentos, os pais podem e devem:

– Não subtituir as refeições do seu filho por “bobagens”, isto é, calorias vazias. Caso contrário, a criança ficará sem apetite. É preferível que ela coma pouco, mas consuma alimentos nutritivos;

– Não ofereça mamadeira muito próximo das refeições e diminua gradativamente a quantidade diária de leite. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, a partir de um ano de idade, a criança deve tomar, no máximo, 600 ml de leite por dia (exceto leite materno, que não tem restrição). Pois, o excesso de proteína aumenta o risco de obesidade;

– Para crianças seletivas – que aceitam somente determinados alimentos -, a dica é começar a oferecer, de forma lenta e gradual, variações desses alimentos: mude texturas, formas de preparo e altere ingredientes;

– Leve a criança à cozinha. Faça com que ela participe do preparo dos alimentos, peça para que arrume a mesa e convide-a para ir à feira, para que ela conheça a variedade, texturas e cheiros dos alimentos;

– Substitua a palavra ‘experimente’ por, por exemplo, ‘vamos ver que gosto tem?’. Quando a criança cria uma cerca resistência ao ouvir a mesma palavra todos os dias, a recusa acontece automaticamente.

E, por fim, faça pelo menos uma refeição à mesa com seu filho. “É possível criar memórias afetivas em torno de uma refeição saudável. Dessa forma, você estará criando na criança uma consciência alimentar que ela vai carregar ao longo da vida. E quando for adulto, provavelmente as comidas saudáveis vão remeter a essas lembranças”, finaliza Andreia.

Fonte: Por Sabrina Ongaratto 

Revista Crescer