A influência que a mídia exerce em nossas vidas tem um alcance que ultrapassa, muitas vezes, a consciência das escolhas que fazemos. Importante salientar que estas escolhas, sem maior reflexão, impactam na vida e na saúde da população em geral, mas principalmente na saúde das crianças e jovens, que estão mais expostos a este tipo de influência. Em contrapartida, o PNAE tem trazido, a partir das legislações mais recentes, a obrigatoriedade de um cardápio predominantemente com alimentos in natura e minimamente processados, com os nutrientes necessários para a nutrição e pleno desenvolvimento das crianças e jovens. Pensando nisto, o Grupo de Educação Alimentar de Xangri-Lá formado pela Juliana Favero Guilherme, nutricionista do PNAE, Louise Barbosa, estagiária de nutrição, Adriana Ribeiro Leal, extensionista da EMATER e Presidente do CAE e Fabiane Luísa Hinnah , Veterinária do SIM e conselheira do CAE, além da Orientadora e professoras da escola Nayde Emerin Pereira desenvolveram um trabalho intitulado, “A alimentação escolar como mídia poderosa”, com alunos dos 6º e 7° anos da EMEF Nayde Emerin Pereira, de Xangri-Lá.
O objetivo foi apresentar como a mídia veicula propagandas ilusórias sobre os alimentos, induzindo as crianças e suas famílias à uma alimentação inadequada e repleta de alimentos ultraprocessados. Em contrapartida mostrar como a alimentação oferecida no ambiente escolar, de acordo com as diretrizes do PNAE, interfere de maneira positiva no hábito alimentar dos alunos e de seus familiares, servindo de incentivo para escolhas alimentares mais saudáveis.
Pensando nisso, o grupo de educação alimentar e nutricional junto com as professoras das turmas, orientadora da escola e os alunos reuniram-se na sala de vídeo onde foi feita uma conversa e exibido dois vídeos sobre os malefícios do açúcar e da alimentação baseada em ultraprocessados, posterior a isso foram apresentadas várias propagandas de alimentos. A ideia inicial foi promover uma reflexão sobre a influência da publicidade nos hábitos alimentares através de questionamentos sobre quais alimentos estavam envolvidos na publicidade, qual público eram destinados os alimentos, quais os interesses, desejos e sentimentos eram despertados pelas propagandas.
O grupo então instigou os alunos a criarem as próprias propagandas, utilizando como base as propagandas e vídeos apresentados, só que para alimentos saudáveis. Os alimentos escolhidos foram abacate, ovo, água, vitamina de morango, sanduíche natural, banana, feijão e brócolis. Com seus produtos em mãos, os alunos criaram cartazes propaganda demonstrando as qualidades e benefícios de tais alimentos de forma criativa e divertida, de modo a estimular o seu consumo. As propagandas foram apresentadas em uma segunda data e posteriormente foram transformadas, pela equipe de mídias sociais, em propagandas de verdade e publicadas nas redes sociais da prefeitura.
Muito ainda precisa ser feito para diminuir a influência perniciosa da mídia nas escolhas alimentares dos jovens e população em geral, porém consideramos que essas reflexões foram muito positivas na medida em que os alunos puderam verificar que a qualidade do que é servido a eles na alimentação escolar realmente vem a agregar saúde e diversidade em suas dietas. O Programa Nacional da Alimentação Escolar vem contribuindo muito para isso na medida que vem adicionando resoluções mais efetivas, como a do FNDE n°06 de 2020 no sentido de direcionar as compras e composição do cardápio.
Percebe-se que existe um longo caminho a ser percorrido para que as mudanças reais aconteçam de forma generalizada, porém cabe aos atores sociais auxiliarem nesse caminho, incentivando o consumo de alimentos regionais, locais e in natura ou minimamente processados, executando ações de Educação alimentar e nutricional periodicamente com todas as faixas etárias dos escolares.
Para o conselho de alimentação escolar de Xangri-Lá, atuar nessa esfera da educação nutricional foi recompensador, isso mostrou que o Conselho atuando nessa área reflete na política de alimentação escolar como um todo e, principalmente ao trabalhar com os alunos, fez o conselho visualizar a efetivação do seu trabalho e a sua importância. Desse modo poderemos reverter os efeitos negativos que a publicidade de alimentos industrializados direcionado para as crianças e jovens vem acarretando e talvez alcançar o mais importante, a formação de indivíduos que sejam críticos e condutores de suas escolhas a partir de uma visão da construção da saúde através da ingestão de alimentos que realmente venham a contribuir para a formação e manutenção de uma vida sadia.