Alimentação Escolar e presença dos CECANEs tiveram destaque no III AgUrb

A III Conferência Internacional Agricultura e Alimentação em uma Sociedade Urbanizada (AgUrb), realizada entre os dias 17 a 21 de setembro de 2018, em Porto Alegre/RS  teve como tema \”Alimentação saudável, sociobiodiversidade e sistemas agroalimentares sustentáveis: inovações do consumo à produção” e reuniu mais de 1.000 participantes vindos de 30 países e de diversas áreas de atuação: acadêmicos, professores, pesquisadores, agricultores, produtores pecuários, ativistas, representantes de povos tradicionais, representantes de organizações sociais, público/estatais e privadas. Foram cinco dias intensos em atividades como painéis, simpósios, grupos de trabalho, relatos de experiências, saídas de campo e atividades culturais. A semana oportunizou reflexões e trocas de ideias enriquecedoras entre os participantes acerca das questões alimentares em um mundo cuja população é cada vez mais urbana.

 

O Programa Nacional de Nutrição e Alimentação Escolar apareceu nas discussões como protagonista indiscutível da promoção da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, transformador e imprescindível para garantir a segurança alimentar nas escolas e o apoio e sustento aos diversos agricultores familiares de mercados de cadeias curtas, através da valorização da economia local no Brasil. Ainda, como referência em outros países, continua inspirando programas internacionais de alimentação escolar e o diálogo entre os sujeitos envolvidos.

 

A Alimentação Escolar foi assunto frequente nos painéis expostos e simpósios mediados por convidados(as) especialistas, e em mais de trinta trabalhos aprovados e apresentados em Grupos de Trabalhos (GT) e Grupos Gestores (GG) para Relatos de Experiência no IIIAgUrb, tendo ainda um GT específico para tratar “Compras institucionais de alimentos e programas de alimentação escolar: análise de seus benefícios, desafios e oportunidades”, que contou com a coordenação de Luana F. J. Swensson – Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (Itália), Luciana Dias de Oliveira – Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Brasil), Danny Hunter – ONG Biodiversidade Internacional e Universidade de Sydney (Austrália), Armando Fornazier – Universidade de Brasília (Brasil), Rogério Robs Fanti Raimundo – Instituto Federal de Ciências e Tecnologia da Educação do Sul de Minas Gerais (Brasil) e Regismeire Viana Lima – Universidade Federal do Amazonas (Brasil).

 

\r\nEntre os artigos científicos e relatos de experiências do III AgUrb, esteve presente o debate sobre marco legal do PNAE, aprendizados e caminhos percorridos no programa, inclusão da compra de alimentos da agricultura familiar, seus desafios e oportunidades, entraves e potencialidades, dinâmicas produtivas locais, diferenças regionais em sua execução, o desenvolvimento local associado ao PNAE, práticas agroecológicas e compra de alimentos orgânicos, qualidade nutricional dos cardápios, hortas escolares, promoção da alimentação saudável, agricultura tradicional e luta pela permanência na terra, povos indígenas e cultura quilombola, escolas sustentáveis, presença de ingredientes geneticamente modificados, compras institucionais, diversidade produtiva e experiências de outros países.

 

\r\nA presença dos Centros Colaboradores em Alimentação e Nutrição do Escolar (CECANEs) das diversas regiões do Brasil também teve destaque. Os CECANEs são unidades de referência e apoio constituídas, no âmbito das Instituições Federais de Ensino Superior – IFES, para desenvolver ações de interesse e necessidade do PNAE, com estrutura e equipe para execução das atividades nas áreas prioritárias e nas formas de atuação definidas pelo FNDE.\r\nDentre os trabalhos apresentados pelos CECANEs, podemos destacar:

 

 

    • Comercialização de alimentos da agricultura familiar para a alimentação escolar em municípios goianos – Thais Marques, Giovanna Oliveira, Cintia Leite, Karine Martins

 

    • Do(a) agricultor(a) familiar à escola: os entraves e potencialidades na comercialização da agricultura familiar para a alimentação escolar em municípios goianos – Maria Irene Barbosa, Thaís Marques, Bruna Santana, Veruska Alexandre

 

    • A atuação do centro colaborador em alimentação e nutrição do escolar da Universidade Federal de Goiás no contexto da agricultura familiar – Giovanna Angela Leonel Oliveira, Tainá Amélia Santana Marchewicz, Maria Irene de Castro Barbosa, Karine Anusca Martins

 

    • As diferenças regionais da agricultura familiar na execução do Programa Nacional de Alimentação Escolar – Geórgia Alencar, Claudia Fialho, Renata Moreira

 

    • Sistema Referencial de Preços PNAE Sul de Minas Gerais – Rogério Robs Fanti Raimundo, Camila Guedes Codonho, Aloisia Rodrigues Hirata, Luiz Carlos Dias da Rocha

 

    • A comparação entre a diversidade produtiva da agricultura familiar e a demanda da alimentação escolar – Tayrine Pereira Brito, Rogério Robs Fanti Raimundo, Lívia Oliveira Galvão, Luiz Carlos Dias da Rocha\r\nAções do CECANE-UFPI na assessoria, monitoramento e formação de atores do programa nacional de alimentação escolar – Marize Melo dos Santos, Cecília Maria Resende Gonçalves de Carvalho, Elizabete Maciel de Sousa Cardoso, Maria Devany Pereira

 

    • Ações do centro colaborador em alimentação e nutrição do escolar do rio grande do sul para fortalecimento da agricultura familiar no programa nacional de alimentação escolar – Ana Luiza Sander Scarparo, Amália Leonel Nascimento, Eliziane Nicolodi Francesato Ruiz, Luciana Dias de Oliveira

 

    • Desafios na compra da agricultura familiar para o mercado institucional da alimentação escolar: uma análise a partir das Entidades Executoras – José Tobias Machado, Gabriela Bratkowski, Daiane Lanferdini, Vanuska Lima da Silva

 

    • A execução do programa nacional de alimentação escolar nos municípios do Rio Grande do Sul: um relato de experiência dos avanços e desafios – Gabriela Rodrigues Bratkowski, José Tobias Marks Machado, Danielle Lodi Silva, Mariana Klein Moreira

 

    • A Rede Brasileira de Alimentação Escolar como ferramenta interativa dos atores do PNAE – Amália Leonel Nascimento, Constance Oderich, Ana Luiza Sander Scarparo, Luciana Dias de Oliveira

 

    • Formação conjunta de profissionais da nutrição e da educação para o planejamento de ações de educação alimentar e nutricional com foco na promoção da alimentação saudável no ambiente escolar – Ana Luiza Sander Scarparo, Tania Beatriz Iwaszko Marques, Maurem Ramos, Luciana Dias de Oliveira

 

 

\”A Conferência mostrou que pesquisadores, ativistas, produtores, agricultores, pescadores e extensionistas podem trabalhar em conjunto para criarem novos conhecimentos e proporem novas ideais, visando uma abordagem sistêmica da alimentação. Nos próximos anos, teremos muitas questões de pesquisa e objetivos estratégicos a perseguir em nossos países”, resumiu Brunori ao final da cerimônia. Os trabalhos apresentados serão publicados nos Anais do evento juntamente com a Carta de Intenções, que incluirá: abordagem sistêmica da alimentação; sociobiodiversidade; responsabilidade; e políticas alimentares e parcerias multissetoriais.

Fonte: III AgUrb e Rebrae

FNDE promove 5º Encontro de CECANEs

Evento acontecerá em Brasília, entre os dias 19 e 21 de junho

 

Estão abertas as inscrições para o V Encontro dos Centros Colaboradores em Alimentação e Nutrição Escolar (CECANEs), que acontecerá de 19 a 21 de junho, no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Serão disponibilizadas três vagas para cada Secretaria Estadual de Educação, dando preferência para um nutricionista responsável técnico, um conselheiro estadual de alimentação escolar e o responsável pelo setor de execução da alimentação escolar no estado.

 

“Esta é uma oportunidade de trocar experiências e conhecimentos técnicos relacionados à gestão do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)”, esclarece Sineide Neres, assessora da Coordenação-Geral do PNAE, lembrando que a participação de todos os CECANEs é importante, visto que estes centros atuam diretamente na capacitação de nutricionistas, gestores, profissionais da educação, merendeiras, conselheiros de alimentação escolar e outros atores envolvidos com o PNAE.

 

As inscrições são gratuitas e vão até o dia 13 de junho.  Para se cadastrar, os interessados deverão enviar um e-mail para dapae@fnde.gov.br. É importante destacar que as despesas de locomoção, alimentação e hospedagem são de responsabilidade do participante e/ou das Entidades Executoras.

Fonte: FNDE

CECANE-UFRN realiza Formação para membros do Conselho de Alimentação Escolar – CAE/PNAE

No dia dia 27 de março de 2018 foi realizada uma Formação para membros do Conselho de Alimentação Escolar (CAE) do Programa Nacional de Alimentação escolar (PNAE) no município de Pau dos Ferros/RN correspondendo à primeira etapa de execução do produto Formação para membros do CAE do CECANE/UFRN para o ano de 2018.

 

A Nutricionista Assistente do CECANE/UFRN, Sankya Silva Saraiva, e a Agente/Contadora do PNAE do CECANE/UFRN, Joana Barbosa da Silva, ministraram a capacitação, a qual contou com a participação do membro do Tribunal de Contas da União/RN. Participaram das atividades 42 membros do CAE de 18 municípios: Pau dos Ferros, Frutuoso Gomes, São Francisco do Oeste, Riacho da Cruz, Rodolfo Fernandes, Marcelino Vieira, Alexandria, Lucrécia, Tabuleiro Grande, Francisco Dantas, Patu, Luís Gomes, Serrinha dos Pintos, Água Nova, Coronel João Pessoa, Martins, Doutor Severiano e Viçosa.

 

O evento foi bastante proveitoso e os conselheiros puderam sanar dúvidas sobre as suas atribuições no CAENa finalização do evento houve a entrega da Cartilha elaborada pelo FNDE/TCU para Conselheiros, além da entrega dos certificados aos participantes.

 

Confira fotos do evento:

 

 

Fonte: CECANE UFRN

Projeto #ComaBem aborda importância da alimentação em escolas de Brusque

Quando tinha quatro anos, o filho de Luiza Diener voltou da escola com um recado na agenda: ele tinha feito um \”pré-exame\” de visão na escola, que mostrou haver uma \”alteração\”. Junto com o recado… um folheto de propaganda de uma ótica, informando que alunos de escola pública tinham desconto.

 

\”Eu paralisei. Como assim fez um pré-exame de vista? Não tinha vindo nenhum aviso, nenhum pedido de autorização\”, conta ela, criadora de um blog sobre maternidade.

 

\”Quando fui buscá-lo no dia seguinte fui conversar com a diretora. Entrando na escola vi que perto da porta tinha um estande da ótica, um banner e um totem giratório cheio de óculos escuros e óculos de grau que as crianças estavam experimentando\”, recorda.

 

Meu filho não tinha nenhum problema de vista. E hoje ele continua sem ter\”, diz. \”Não era uma aula sobre saúde, era só propaganda\”, conta Diener, cujos filhos estudavam em escola pública em Brasília.

 

A publicidade direcionada para o público infantil é considerada abusiva pelo Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente) desde 2014. E o Ministério da Educação tem uma portaria proibindo qualquer tipo de propaganda em escolas públicas.

 

No entanto, episódios como o relatado por Luiza Diener são extremamente comuns. As marcas usam das mais diferentes estratégias para garantir sua presença no ambiente escolar sem fazer propaganda direta, driblando a regulação.

 

Embora não veiculem anúncios, por exemplo, as empresas fazem oficinas com professores e alunos, atividades em sala de aula e até distribuem seus produtos para as crianças. Outras patrocinam eventos, promovem peças de teatro nas escolas, visitas à fábrica ou – como no caso da ótica de Brasília – supostos programas de saúde.

 

\”Normalmente as campanhas vêm como ações de responsabilidade social, são vendidas como atividades educativas ou culturais\”, diz Ekaterine Karageorgiadis, coordenadora do programa Criança e Consumo, do Instituto Alana, ONG que defende os direitos das crianças.

 

Diener conta que conversou com outra mãe cujo filho chegou em casa preocupado, achando que tinha problema de visão por causa do \”pré-exame\” – uma consulta no oftalmologista mostrou não haver problema algum.

 

Ficamos bem chateados. Escola não é lugar de propaganda, e publicidade não tem que ser direcionada para crianças\”, diz ela. \”A criança está em uma idade em que você está absorvendo tudo, que está construindo os gostos, a visão de mundo, o que considera essencial. Esse tipo de influência é negativa.\”

 

Atividade cultural ou campanha de marketing?

 

Em janeiro de 2018, o Alana denunciou a marca Bic ao Ministério Público de Minas Gerais por considerar uma de suas ações publicitárias como \”direcionamento abusivo de publicidade para o público infantil\”.

 

A Bic havia lançado um projeto chamado \”Escola de Colorir\”, cuja ideia era fazer atividades nas escolas das ensino fundamental em capitais como São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

 

 

Nas atividades, as crianças utilizavam diversos produtos da empresa: canetas, lápis de cor, papéis. \”A ação expõe massivamente os alunos a imagens, cores, logos e valores corporativos da empresa durante as atividades, que são propostas para serem feitas não apenas nas salas de aula, mas também em outros momentos como recreio ou no tempo de lazer em casa\”, diz o Alana na denúncia.

 

Em resposta, a Bic afirma que um de seus pilares é o “compromisso com a educação” e que faz “ações voltadas ao acesso à educação junto a comunidades locais”.

 

No Brasil, a empresa pauta todas suas atividades de acordo com a legislação (…) além de possuir um rígido código de conduta interno. O Projeto Escola de Colorir foi concebido respeitando tais preceitos”, defende a empresa em nota. Assim, não há violação às normas do conselho.”

 

O projeto Escola de Colorir foi terminado pela Bic | Foto: Divulgação/Bic

 

Para a nutricionista Ana Paula Bortoletto, do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), a discussão não pode ficar em cima de tecnicismos, já que as estratégias são usadas pelas marcas justamente para ter campanhas publicitárias que atinjam crianças sem desrespeitar formalmente as normas.

 

Ela defende que a legislação seja endurecida.

 

“De certa forma, essas campanhas com apresentação de produtos e grande presença das marcas são piores do que um comercial na TV voltado para crianças\”, diz Bortoletto. \”Você está expondo as crianças aos produtos, elas já vão memorizando, identificando, reconhecendo. As campanhas diretas costumam ser até mais agressivas, por estarem muito mais próximas às crianças e durarem mais tempo.”

 

Para o Alana, a publicidade para a criança é sempre disfarçada, uma vez que ela não tem o senso crítico para reconhecer que aquilo é uma mensagem comercial. Mas se veiculada no ambiente escolar, o problema é ainda maior.

 

“A mensagem vem de um espaço de autoridade. A autoridade do professor, da escola, fortalece a campanha publicitária”, diz Ekaterine Karageorgiadis.

Marcas disfarçam campanhas publicitárias de projetos educativos para entrar em escolas. Foto: GETTY IMAGES

A Bic não é a única marca a produzir campanhas do tipo.

 

A Danone teve duas grandes campanhas em escolas em 2016. Eles ofereciam curso de formação de professores, desenvolvimento de atividades em sala de aula para falar da importância de consumir produtos lácteos – setor de atuação da empresa -, distribuição de produtos didáticos e apresentação da peça O Fabuloso Mundo das Descobertas.

 

Em um único diálogo da apresentação, a palavra \”lácteos\” chegava a ser repetida mais de 15 vezes.

 

Em outro caso, no mesmo ano, a Sadia divulgou, com o chef britânico Jamie Oliver, uma ação chamada Saber Alimenta. O projeto piloto foi feito com 20 escolas e 56 professores, que receberam um treinamento da empresa sobre alimentação.

 

A BRF, empresa controladora da Sadia, diz que \”os professores foram capacitados para replicar conhecimento para crianças do Ensino Fundamental\” e que os materiais são voltados para os adultos e \”não fazem referência a nenhum produto da marca.\”

 

Segundo Ekaterine Karageorgiadis, é grave que as marcas impactem o currículo das escolas – mesmo se o produto da marca não for apresentado diretamente. \”A escolha do currículo tem que se basear em um projeto pedagógico planejado para ensinar as crianças a pensarem criticamente. Mas (com as campanhas) o conteúdo é apresentado com um viés e uma orientação mercadológica, não de maneira crítica\”, diz ela.

 

“Será que realmente interessa ficar seis meses falando sobre leite, sem em nenhum momento questionar se ele realmente é bom e necessário para todo mundo?”, afirma.

Jamie Oliver se tornou garoto propaganda da Sadia no Brasil | Foto: Divulgação/Sadia

Para Bortoletto, do Idec, o risco é supervalorizar um produto alimentício. \”No caso do leite, por exemplo, ele pode fazer parte de uma dieta saudável, mas não é obrigatório. Depende muito de qual é o leite. Se for uma bebida láctea cheia de açucar, pode fazer mais mal do que bem\”, diz ela.

 

“A criança precisa aprender a diferenciar um produto natural de um processado. A escola é um ambiente para elas aprenderem hábitos realmente saudáveis e pensamento crítico.”

 

No ano passado, o Ministério Público do Distrito Federal instaurou um inquérito civil para apurar o caso da Danone, que ainda não foi encerrado.

 

Procurada pela BBC Brasil, a Danone, que cancelou os projetos em 2016, diz que \”suas ações de comunicação atendem à legislação brasileira vigente e refletem a missão da companhia em levar saúde ao maior número de pessoas\”, e que sua campanha \”levou informação e conhecimento sobre a importância de uma boa alimentação de forma lúdica e gratuita às escolas de todo país.\”

 

Por sua vez, a Sadia afirmou que o conteúdo do seu programa \”está em conformidade com todas as legislações, regulamentações bem como regras aplicáveis ao setor alimentício e a publicidade de maneira geral\” e que \”assinou um Compromisso Público sobre Publicidade Responsável no qual se comprometeu a não realizar ações de merchandising de seus produtos nas escolas, sejam elas particulares ou públicas, direcionadas ao público infantil\”.

 

Ajuda ou exploração?

 

Outra estratégia muito usada pelas empresas é oferecer patrocínio – que vai desde promover campeonatos esportivos a se oferecer para comprar o material ou uniforme para crianças carentes em troca de divulgação da marca.

 

A Nestlé, por exemplo, tem há anos parcerias para promover campeonatos esportivos em escolas das redes pública e privada. Os eventos tinham exposição de logos e imagens de Nescau em banners e painéis, distribuição de medalhas, troféus e uniformes com o nome e o símbolo da marca, e distribuição de produtos da Nestlé aos presentes no evento.

 

Falta de estrutura e recursos faz escolas públicas aceitarem ‘qualquer ajuda’, diz diretora Foto: Rovena Rosa/Ag. Brasil

 

A empresa afirma que reformulou algumas ações da competição, procurando outros espaços para a sua realização – costumavam ocorrer nos CEUs (Centros de Artes e Esportes Unificados). Segundo a multinacional, os eventos agora não acontecem mais em nenhum ambiente relacionado à educação.

 

“Reforçamos, ainda, que a participação dos jovens na Copa Nescau® é condicionada à autorização dos responsáveis. Além disso, diversas melhorias vêm sendo desenvolvidas no formato da competição para reforçar o caráter de socialização do evento”, diz a companhia em nota.

 

“A Nestlé Brasil informa que segue rigorosamente a legislação vigente no país e está entre as empresas pioneiras no mundo na adoção de parâmetros mais rigorosos para divulgar seus produtos ao público infantil”, conclui.

 

O lado da escola

 

A questão das campanhas se torna mais complicada no caso do patrocínio, uma vez escolas públicas muitas vezes têm carência de investimento e problemas na infraestrutura – ou seja, acabam tendendo a aceitar qualquer \”ajuda\” que possam receber.

 

A BBC Brasil conversou, sob a condição de anonimato, com a diretora de uma escola municipal de São Paulo que recebeu ações publicitárias em 2013 e 2015. Ela falou sobre um dos casos.

 

\”A exposição (das crianças às marcas) não é o melhor dos mundos. Mas estávamos sem aulas de educação física porque a quadra estava em péssimo estado. Resolvemos participar da ação porque tinha um prêmio em dinheiro que seria muito útil para a escola\”, diz a diretora. \”Nossa falta é tanta que a gente acaba aceitando certos negócios para dar um mínimo de condição para os alunos\”, afirma. Tratava-se de um concurso – e o colégio acabou não ganhando.

 

A empresa alimentícia Tirol promoveu uma competição parecida em 2016. Alunos deveriam criar brinquedos utilizando materiais recicláveis – de preferência, segundo o regulamento, embalagens de \”leite longa vida Tirol, caixinhas do suco Frutein, bebida láctea Fibrallis e achocolatado Tirolzinho\”. As crianças vencedoras ganharam um bicicleta e uma mochila cheia de achocolatados. E sua escola, um prêmio de R$ 18 mil.

 

Procurada pela reportagem, a Tirol \”diz que está no mercado desde 1974, sempre prezando pela qualidade dos produtos e bem-estar dos consumidores\”, e que já prestou esclarecimentos sobre o projeto para o Ministério Público do Estado.

 

Mas para especialistas, ativistas e alguns pais, aceitar investimento de marcas é a forma errada de atacar o problema – principalmente no caso de crianças pequenas.

 

\”Não podemos deixar que a necessidade de suprir essa falta seja uma justificativa para cercear outros direitos das crianças\”, diz Ekaterine Karageorgiadis, do Alana.

 

Para Bortolotto, do Idec, é preciso que haja investimento e políticas públicas para resolver os problemas nas escolas com dificuldades.

 

\”E mesmo na privada, as decisões sobre currículo e os alimentos a que as crianças têm acesso precisam ser parte de um projeto que coloca o interesse e bem-estar das crianças em primeiro lugar\”, diz a nutricionista. \”Não é algo que pode ficar à mercê das estratégias de marketing das indústrias.\”

 

Reportagem: Redenutri

 

Fonte: BBC Brasil

ESCOLAS APRESENTAM EXPERIÊNCIAS EXITOSAS DA JORNADA DE EAN NO CONGRESSO INTERNACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR

                    Nos dias 3 a 5 de outubro de 2017 aconteceu em Brasília o Congresso Internacional de Alimentação Escolar, promovido pelo FNDE, em parceria com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

 

                  Com a participação de cerca de 300 pessoas, o evento contou com representantes de 16 países, e teve o objetivo de promover a articulação de diferentes profissionais das áreas de nutrição e educação para a divulgação de boas práticas e proporcionar insumos necessários para a construção de conhecimentos, metodologias e procedimentos didático-pedagógicos para o desenvolvimento de ações de qualidade de educação alimentar e nutricional nas escolas dos países participantes.

 

                  A Jornada de Educação Alimentar e Nutricional promovida pelo FNDE foi apresentada no Congresso através de duas escolas que apresentaram suas experiências exitosas e representaram as mais de 470 escolas que ao longo do ano estão participando da Jornada de EAN em todo o Brasil.

 

As diretoras Rejane Ribeiro e Michelle Rodrigues Mendes do Espaço de Desenvolvimento Infantil Professora Norma Andrade Nogueira, da cidade do Rio de Janeiro apresentaram o tema 1 (Alimentação complementar e prevenção da obesidade infantil) e o tema 2 (Alimentos regionais brasileiros).

 

A nutricionista Maria Aparecida de Araújo Silva, representando o Estado de Pernambuco, apresentou a experiência desenvolvida no Centro Integral de Educação Infantil Bem Me Quer localizado na Ilha de Fernando de Noronha, referente ao tema 3 (Prevenção e redução de perdas e desperdícios de alimentos) e tema 4 (Horta escolar pedagógica).

 

Confirma abaixo as fotos das apresentações