Conexão entre Merendeiras e a Produção Agroecológica na Alimentação Escolar do Município de Taquari (RS)

O município de Taquari, situado no Vale do Taquari (RS), tem se destacado pela adoção de práticas sustentáveis na alimentação escolar, integrando agricultura familiar e agroecologia à merenda oferecida nas escolas municipais. 

Em 2025, o município atingiu o expressivo índice de 83% de aplicação dos recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) na compra de produtos da agricultura familiar, sendo 23% desse total provenientes de alimentos orgânicos e agroecológicos — o equivalente a 11 toneladas de alimentos saudáveis destinados a mais de 2.000 alunos da rede pública. Visando fortalecer o vínculo entre os produtores rurais e as profissionais responsáveis pelo preparo da alimentação escolar, a Secretaria Municipal de Educação organizou, no dia 31 de julho de 2025, uma visita técnica com um grupo de merendeiras a propriedades agroecológicas fornecedoras para o município. A ação buscou ampliar o conhecimento das servidoras sobre a origem dos alimentos e valorizar o papel de cada elo na cadeia alimentar que sustenta o PNAE local.

A primeira visita ocorreu na propriedade de Perci Frantz, na localidade de São Martinho, em Santa Cruz do Sul. O espaço é referência regional em agricultura orgânica e sistema agroflorestal, onde frutas como banana, laranja, bergamota e manga são cultivadas em consórcio com espécies nativas. O sistema produtivo alia conservação ambiental e geração de renda, sem o uso de agrotóxicos ou fertilizantes químicos. Além de produzir alimentos para a merenda escolar, a propriedade atua como centro de aprendizado e pesquisa, mantendo parceria com universidades e abrigando um herbário em construção para catalogação de espécies da flora local.

A segunda visita foi realizada na propriedade de Álvaro e Adriane Luettjohann, no interior de Candelária, conhecida pela produção de feijões, milhos crioulos, amaranto, chia e frutas em base orgânica e agroecológica. A família mantém uma agroindústria para beneficiamento de farinhas de milho e fornece produtos como feijão preto, feijão azuki e farinha de milho branca e amarela para o município de Taquari. O diferencial está no uso de sementes crioulas, que preservam a agrobiodiversidade e fortalecem a soberania alimentar. Os alimentos são encaminhados à Cooperativa Ecovale, responsável pela embalagem e distribuição, que desde 2024 abastece as escolas municipais de Taquari com produtos orgânicos como aipim congelado, açúcar mascavo e arroz branco. Outra parceira importante é a COOTAP, que fornece arroz parboilizado orgânico.

Durante as visitas, as merendeiras puderam compreender o processo de produção dos alimentos, desde o manejo do solo até o beneficiamento e a entrega final às escolas. O aprendizado prático gerou um impacto positivo e profundo no grupo, como relatou a merendeira Maria Isabel Von Muhlen: “Foi extremamente satisfatório ver de onde vêm os produtos que preparo para nossos alunos. Conhecer o cuidado e o esforço dos produtores me fez valorizar ainda mais o que entregamos às crianças.” Segundo as nutricionistas Keli Soares e Luana Pacheco Nunes, da Secretaria Municipal de Educação, a experiência foi essencial para reforçar a compreensão das merendeiras sobre os princípios da agroecologia e o valor nutricional dos alimentos orgânicos. Esses alimentos, livres de agrotóxicos, fertilizantes sintéticos e transgênicos, contribuem para a segurança alimentar, a preservação ambiental e a formação de hábitos alimentares mais saudáveis entre os estudantes.

O município de Taquari vem consolidando um modelo de alimentação escolar baseado em sustentabilidade e integração social. O investimento em alimentos agroecológicos não apenas melhora a qualidade nutricional das refeições, mas também fortalece a economia local e promove a educação alimentar. A vivência das merendeiras no campo ampliou a percepção do grupo sobre o papel transformador da alimentação escolar e o impacto positivo que cada refeição tem na vida dos alunos. Como perspectiva futura, a Secretaria Municipal de Educação planeja expandir o percentual de alimentos orgânicos adquiridos, buscando alcançar 100% de investimento dos recursos do PNAE na agricultura familiar, sendo pelo menos 30% com certificação orgânica. Também está prevista a formação de professores para incluir temas como agroecologia e sustentabilidade no currículo escolar, ampliando o alcance da educação alimentar e ambiental para toda a comunidade escolar.

A experiência de Taquari demonstra que o fortalecimento da relação entre quem produz e quem prepara os alimentos é um caminho potente para transformar a alimentação escolar em um verdadeiro instrumento de saúde, educação e cidadania.

 

Desenvolvimento de refeições escolares com plantas alimentícias não convencionais (PANC) em Teutônia – RS

Lisangela Bagatini: “Esta pesquisa foi desenvolvida durante meu mestrado em Ciencia e Tecnologia de Alimentos, no Programa de Pós Graduação de Ciência e Tecnologia de Alimentos (PPGTA) da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS). O estudo teve como orientadoraes a Prof. Dr. Elaine Biondo e o Prof Dr. Voltaire Sant’anna, em cooperação com o Instituto Norueguês de Pesquisa em Alimentos, Pesca e Aquicultura. Envolvendo crianças no desenvolvimento de refeições escolares com plantas alimentícias não convencionais (PANC) Autora: Lisangela Bagatini – Nutricionista RT alimentação escolar de Teutônia (RS) CRN2 3759.”

O ambiente escolar é ideal para promover saudabilidade, tendo em vista que alcança a maioria das crianças e adolescentes durante as duas primeiras décadas de suas vidas, e essa característica o torna um local único para desenvolver e aplicar ações com impacto significativo. O envolvimento de crianças na criação de suas próprias refeições tem se mostrado uma estratégia promissora para engajá-las em hábitos alimentares saudáveis e sustentáveis. Diante disso, um estudo com objetivo central de investigar a eficácia do envolvimento de crianças na cocriação de preparações culinárias para o ambiente escolar, com foco na integração de plantas alimentícias não convencionais (PANC), foi desenvolvido nas escolas da rede municipal de ensino de Teutônia, RS, ao longo do ano de 2024. Adicionalmente, buscou-se avaliar a capacidade desses participantes em propor preparações culinárias a partir de tais ingredientes e identificar os principais veículos alimentares para a sua incorporação ao cardápio escolar. Investigou-se ainda, se a participação ativa de um grupo de estudantes no processo de cocriação seria suficiente para catalisar a aceitação por parte de outros estudantes na mesma instituição educacional. Quatro hipóteses foram sugeridas: as crianças preferem adicionar PANC em alimentos familiares e saborosos como veículos alimentares para as refeições escolares; as crianças usam alegações saudáveis e sustentáveis para promover os produtos que oferecem para as refeições escolares; existe uma influência significativa na aceitação e nas emoções evocadas pelas crianças quando elas são estimuladas a consumir uma refeição proposta por elas, em comparação com a informação de que a refeição foi proposta pelas cozinheiras da escola e, não há diferenças na aceitação e nas respostas emocionais entre crianças envolvidas na cocriação de refeições adicionadas de PANC, e aquelas que não participaram do processo. A metodologia empregada estruturou-se em duas fases distintas: a cocriação de preparações enriquecidas com PANC e a subsequente avaliação da aceitação e das respostas emocionais evocadas pelas crianças durante o consumo das receitas desenvolvidas, considerando que no Brasil, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) exige a análise sensorial de novos alimentos ou ingredientes pelas crianças antes de sua inclusão no cardápio. O processo de cocriação envolveu 57 crianças, com idades entre 10 e 15 anos, provenientes de duas escolas. Foi conduzida por meio de uma abordagem de gamificação na qual a participação ocorreu de forma voluntária. Este processo desdobrou-se em quatro etapas sequenciais: exploração, prototipagem, refinamento e validação. De forma resumida, durante a exploração, algumas PANC foram apresentadas aos escolares através dos cinco sentidos (inhame, ora-pro-nóbis, capuchinha, açaí juçara, açafrão-da-terra e biomassa de banana verde). Elas foram selecionadas com base em estudos científicos que sugeriam espécies seguras para o cultivo e consumo por crianças, além do seu valor nutricional, sua disponibilidade nos mercados locais e produção por agricultores familiares da região. Na etapa de prototipagem, em grupos, as crianças foram desafiadas a criar produtos alimentícios para uma das refeições escolares, seguindo regras específicas. Deveriam optar por uma ou duas ideias dentre as que propuseram, listar os ingredientes, dar um nome ao produto e criar uma frase como estratégia de marketing. Estas receitas originais foram preparadas na etapa seguinte, o refinamento. Trabalhando em colaboração com um dos pesquisadores e as cozinheiras escolares, os estudantes tiveram a oportunidade de degustar suas criações. Esse processo permitiu que as crianças ajustassem ou modificassem suas ideias iniciais, visando a otimização do resultado final, conforme suas próprias percepções. Mantendo a composição original dos grupos, os alunos ainda participaram de uma oficina que consistiu na elaboração de pôsteres virtuais para divulgar as preparações culinárias preferidas de cada grupo aos demais estudantes da escola. Isso permitiu a participação de 180 estudantes do ensino fundamental na votação e identificação da receita que se destacava pela criatividade e pelo apelo sensorial para inclusão no cardápio da alimentação escolar. Dois produtos finais de cada escola foram desenvolvidos usando as ideias propostas pelas crianças com base no produto mais votado (pizza com ora-pro-nóbis e açafrão da terra, e pão de queijo com açaí juçara). Para avaliar o impacto da cocriação na aceitação e nas emoções evocadas, um novo grupo de alunos foi convidado para participar da análise sensorial. De um total de 90 alunos, 83 aceitaram participar desta estapa. Para cada amostra, foi solicitado que as crianças avaliassem sua aceitação utilizando uma escala hedônica facial estruturada de 7 pontos. As crianças também foram solicitadas a assinalar todas as emoções que sentiram em relação a cada amostra, através de emojis. Os resultados obtidos indicaram que as hipóteses 1 e 4 foram confirmadas, e as hipóteses 2 e 3 foram rejeitadas, ou seja, as crianças preferiram adicionar PANC em alimentos familiares e saborosos como veículos alimentares para as refeições escolares; a maioria das crianças preferiu usar a curiosidade em vez de pistas de saúde ou sustentabilidade como estratégias de marketing para seus produtos; a informação de que o produto foi produzido por elas em vez de produzido pelos cozinheiros da escola não alterou a aceitação; já o índice de aceitação das novas preparações foi maior entre as crianças envolvidas no processo de cocriação, do que entre aquelas que não participaram. Esta pesquisa demonstrou, entre outras coisas, que a participação de crianças na cocriação de alimentos destinados à alimentação escolar pode promover um aumento na aceitação emocional, concomitantemente a intensificação do senso de propriedade, familiaridade e orgulho em relação ao produto final. Iniciativas colaborativas bem planejadas, em ambientes escolares, podem aumentar o sentimento de pertencimento, adesão e sucesso, engajando os participantes no tema e promovendo mudança de hábitos. Ao participarem do desenvolvimento de receitas que possam ser acrescentadas aos cardápios escolares, estudantes estão garantindo que as opções saudáveis atendam aos seus gostos.

 

Aniversários saudáveis nas EMEIS de Araricá

Comemorar aniversário é um ato afetivo, social e cultural, principalmente para as crianças menores. Por isso, a nutricionista Fernanda Beier da Rocha implementou a comemoração mensal de aniversários nas três EMEIS do município de Araricá: Raio de Luz, Pequeno Príncipe e Sonho de Anjo. Para isso, ela elaborou um guia com receitas festivas saudáveis, inclusivas e sem açúcar. Dentre as receitas, a que mais faz sucesso é a de brigadeiro de banana. Na última quinta-feira do mês, as merendeiras preparam comidinhas saudáveis e muito gostosas, todas sem açúcar (para que todos os alunos possam consumir), muitos alimentos utilizados nos preparos também são oriundos da agricultura familiar. Ainda há o cuidado para que alunos com necessidades nutricionais específicas também possam consumir os alimentos. As equipes diretivas aderiram a ideia e se empenham muito na organização e decoração das festas, fazendo com que as mesmas fiquem perfeitas! Assim, em Araricá, temos todos os meses verdadeiras festas de aniversário, com direito à comidinhas saudáveis, balões e parabéns! Os alunos adoram comemorar o aniversário na escola.

Atores envolvidos: Nutricionista Fernanda Beier da Rocha, Secretaria de Educação Mariza Duarte Farias, diretoras das EMEIS: Rosane Freitas, Susele Maus e Aline Freitas, merendeiras: Jussara Machado, Romilda Bitencourt, Rosemar da Silva, Márcia Schneider, Tatiana Wagner, Magida, Vera, Edila Schein.

 

Aquisição de alimentos da Agricultura Familiar via PNAE: 10 anos de experiência do IFRS – Campus Sertão O IFRS

Aquisição de alimentos da Agricultura Familiar via PNAE: 10 anos de experiência do IFRS – Campus Sertão O IFRS Campus Sertão está de parabéns! Completando uma década no cumprimento da lei nº 11.947/2009 e proporcionando uma alimentação saudável e adequada aos seus alunos, contribuindo ao desenvolvimento sustentável regional. O Campus Sertão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul está situado no Distrito de Engenheiro Luiz Englert, município de Sertão, a 25 quilômetros de Passo Fundo, região norte do estado do Rio Grande do Sul e integra a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. O campus tem marcante atuação junto à comunidade regional e desempenha papel importante no atendimento de demandas específicas na região, por meio dos cursos que desenvolve e parcerias com municípios da região, empresas, cooperativas e outras instituições de ensino como Universidades e Sindicatos. Conta com uma área de 237 hectares, além de laboratórios, setores de ensino, pesquisa e produção nas áreas de: Agricultura (culturas anuais, fruticultura, silvicultura), Zootecnia (avicultura de postura, cunicultura, apicultura, suinocultura, ovinocultura, bovinocultura de leite e equinocultura/equoterapia), Jardinagem, Agroindústria (abatedouro e processamento de carnes, leites e vegetais), Unidade de Beneficiamento de Sementes e Fabricação de Rações (recebimento, classificação, secagem, armazenamento de grãos e processamento em rações) e Mecanização Agrícola, constituindo um laboratório para prática profissional, atividades pedagógicas e produção de matéria-prima para o processo agroindustrial. O campus funciona em período integral, com aulas teóricas e práticas, nos turnos da manhã, tarde e noite, incluindo, ainda, outras atividades para atendimento da clientela externa, como cursos de curta duração, que visam à atualização, capacitação e treinamento em áreas diversas e cursos de qualificação. Atualmente, oferece 15 cursos de níveis técnicos, superiores e de pós-graduação. Em torno de 1.100 (mil e cem) alunos estão matriculados, destes, 300 (trezentos) em regime e residência estudantil. Por dia, são oferecidos 1100 (mil e cem) refeições, entre café da manhã, almoço e janta. Nossos alunos são oriundos de 130 (cento e trinta) diferentes municípios do Rio Grande do Sul, de 16 (dezesseis) estados diferentes e até de outros países. A alimentação ofertada aos nossos alunos, servidores e até visitantes é proveniente de produção local (do próprio campus), de aquisição via pregão eletrônico e principalmente da aquisição de alimentos da AGRICULTURA FAMILIAR, o que auxilia na permanência e êxito dos alunos. Cabe destacar que, para os alunos do ensino médio, a alimentação é oferecida de forma gratuita. O IFRS – Campus Sertão, é Entidade Executora dos programas PNAE e PAA e, realiza a compra institucional de gêneros alimentícios provenientes da Agricultura Familiar desde 2014, sendo pioneiro a nível de IFRS nessa modalidade, destacando-se como modelo aos demais campi do IFRS e até mesmo para outros IFs; Os processos de aquisições são realizados via dispensa de licitação, por chamada pública, sendo executado 100% do valor repassado pelo FNDE com AGRICULTURA FAMILIAR ultrapassando 1,5 milhão de reais nesse período; Entre os alimentos adquiridos da AGRICULTURA FAMILIAR estão: açúcar mascavo, alface, agrião, alho, arroz parboilizado orgânico, batata inglesa, banana, barrinha de cereal, beterraba, bolacha caseira, brócolis, café torrado e moído sustentável ou orgânico, cebola, cenoura, couve-flor, doce de frutas, extrato de tomate, maçã, mel de abelha natural, farinha milho, farinha trigo, feijão, leite em pó integral, mandioca descascada, moranga cabotiá, pimentão, suco de uva integral, repolho, tomate, rúcula, vinagre entre outros. Os principais fornecedores são as Cooperativas da agricultura familiar da região, Cooperativa de assentados, produtores individuais bem como de quilombola. Felizmente, nossa região tem uma boa organização dos produtores e das instituições, eles estão, na sua maioria, vinculados às cooperativas, e isso facilita a logística de entrega, de organização da parte deles e, inclusive, viabilidade econômica. O fator primordial para a exitosa experiência do IFRS Campus Sertão é a articulação entre os atores envolvidos no processo. São as constantes conversas, reuniões e a conexão entre: OFERTANTES – dirigentes das cooperativas, agricultores familiares, Emater local e regional, e DEMANDANTES – nutricionista, almoxarifado, setor de compras e contratos, dirigentes da entidade executora, onde é trabalhado desde a escolha dos itens, quantitativos, cronograma de entrega e a sazonalidade local. Resultando na valorização da produção local e regional, incentivo à organização, cooperação e/ou formalização dos agricultores e empreendedorismo. Valorização dos aspectos sociais, culturais e ambientais e novas oportunidades de negócio e geração de emprego e renda, e por outro lado, uma alimentação mais saudável porque a oferta dos alimentos está mais perto dos consumidores, permitindo que os produtos sejam frescos, diversificados, de qualidade e adequados ao hábito alimentar local, respeitando as tradições culturais da população da região.

Concurso Bienal de Culinária da Alimentação Escolar do município de Cruz Alta

Este trabalho apresenta o desenvolvimento de um projeto inovador que culminou na criação de um livro de receitas impresso, composto por receitas elaboradas por merendeiras das escolas públicas municipais de Cruz Alta. As receitas foram selecionadas por meio de um concurso aberto a todos os profissionais da alimentação escolar do município, seguindo as normas estabelecidas no edital. Este projeto, uma iniciativa da Prefeitura de Cruz Alta através da Secretaria Municipal de Educação (SME), está em conformidade com a Resolução nº 06/2020 do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que impõe diretrizes para os cardápios escolares, incluindo a proibição de alimentos ultraprocessados e a adição de açúcares para crianças até três anos de idade.

O projeto tem como principais objetivos:

  1. Criar um livro de receitas, intitulado “SABORES QUE ENCANTAM: Receitas do Cotidiano das Escolas da Rede Municipal de Ensino”, reunindo as melhores receitas desenvolvidas pelas merendeiras, que agora fazem parte do cardápio das escolas municipais.
  2. Fazer parceria com o Conselho de Alimentação Escolar (CAE) para garantir que as receitas desenvolvidas no concurso estejam alinhadas com as diretrizes nutricionais e contribuam para a promoção de uma alimentação saudável nas escolas.
  3. Promover a troca de informações técnicas e gastronômicas entre as merendeiras, incentivando a criação de receitas saudáveis que atendam aos padrões nutricionais estabelecidos.
  4. Mobilizar a comunidade escolar para a importância da Educação Alimentar e Nutricional (EAN).
  5. Facilitar o trabalho dos profissionais envolvidos no preparo das refeições escolares, fornecendo um recurso prático e inspirador.
  6. Premiar as receitas selecionadas durante o concurso, incentivando a criatividade e inovação culinária.
  7. Distribuir mimos para os participantes e jurados durante o lançamento do livro, tanto na versão digital quanto na impressa.
  8. Incluir dicas e curiosidades no conteúdo do livro, apresentando alternativas e métodos diversificados na preparação das refeições.

Metodologia O Concurso Bienal de Culinária foi idealizado a partir da experiência de uma merendeira que, após se formar em pedagogia, foi convidada a trabalhar na Secretaria de Educação, no setor de alimentação escolar. Em diálogo com a nutricionista e membros do Conselho de Alimentação Escolar (CAE),  buscando fortalecer o controle social sobre a alimentação escolar, garantindo que as decisões sejam tomadas de forma transparente e com a participação ativa da comunidade escolar foi decidido realizar um concurso culinário como uma oportunidade de aprendizado e valorização profissional das merendeiras.

Após a aprovação do projeto, foi realizada uma reunião com as merendeiras e diretores das escolas municipais para o lançamento do concurso, que foi dividido em etapas: Inscrição por e-mail cumprindo os requisitos exigidos. A seleção é feita por uma comissão julgadora composta por nutricionistas, membros do Conselho de Alimentação Escolar CAE.

As receitas  selecionadas recebem o convite para apresentar seus pratos perante uma comissão julgadora para degustação composta por um professor da rede pública municipal, dois nutricionistas, um aluno da rede municipal de ensino, um  agricultor familiar residente no  município, um chef de restaurante, um membro do CAE.

A premiação: as  receitas selecionadas para degustação, as seis com as maiores pontuações serão premiadas individualmente. As merendeiras vencedoras recebem troféus e brindes, em uma premiação pessoal e intransferível, reconhecendo o mérito das autoras das receitas de destaque.

O concurso culminou na publicação do livro de receitas, que inclui dicas e curiosidades, servindo como um recurso prático e inspirador tanto para as merendeiras quanto para as escolas.

Resultados e Impactos O Concurso Bienal de Culinária teve diversos resultados positivos:  O concurso incentivou as merendeiras a saírem de sua zona de conforto, estimulando a criatividade na criação de receitas saudáveis e saborosas, respeitando as diretrizes nutricionais do FNDE.  Promoveu uma rica troca de informações e experiências entre as profissionais da alimentação escolar, fortalecendo a comunidade de merendeiras. As receitas vencedoras foram incorporadas ao cardápio das escolas, melhorando a qualidade e a diversidade das refeições oferecidas aos alunos. O modelo do concurso pode ser replicado em diferentes contextos, ajustando-se às especificidades variadas. O concurso fortaleceu a participação ativa do Conselho de Alimentação Escolar (CAE) e de outros atores da comunidade, como pais, alunos, nutricionistas, chefs de cozinha e autoridades municipais. A realização bienal do concurso assegura uma constante renovação dos cardápios escolares e um contínuo aprimoramento das habilidades culinárias das merendeiras.

Conclusão O Concurso Bienal de Culinária da Alimentação Escolar mostrou-se uma ferramenta eficaz para a promoção de uma alimentação escolar saudável, valorização profissional das merendeiras e fortalecimento da participação social na gestão da alimentação escolar. Sua metodologia, aliada à capacidade de replicação e adaptação a diferentes contextos, garante que o projeto continue a ser uma referência na promoção de uma alimentação escolar de qualidade em Cruz Alta.

Este projeto reforça a importância do compromisso com a educação alimentar e nutricional, bem como o papel central das merendeiras na construção de um ambiente escolar saudável e acolhedor.

O livro de receitas da Alimentação Escolar será divulgado em formato impresso e também estará disponível digitalmente por meio de um link no site oficial da prefeitura de Cruz Alta: https://cruzalta.atende.net, assim como no portal cruzalta.educarweb.net/portal.

Programa de Alimentação Escolar de Passo Fundo: Sustentabilidade e Qualidade Nutricional para o Desenvolvimento dos Alunos

Programa de Alimentação Escolar de Passo Fundo: Sustentabilidade e Qualidade Nutricional para o Desenvolvimento dos Alunos: A Coordenadoria de Nutrição Escolar (CNE) visa assegurar as premissas da Secretaria de Educação no âmbito da alimentação escolar, tendo como missão promover e garantir uma alimentação escolar de qualidade para os estudantes da Rede Municipal. Com a visão de ser referência em alimentação de qualidade, a CNE possui o compromisso de qualificar continuamente seu trabalho, reafirmando o valor da saúde e do bem-estar dos alunos a cada ano. A CNE se empenha em garantir que as refeições oferecidas nas escolas sejam equilibradas, nutritivas e adequadas às necessidades específicas de cada faixa etária. A equipe trabalha em colaboração próxima com profissionais da saúde, educadores e famílias, fomentando a conscientização sobre a importância de hábitos alimentares saudáveis desde a infância. Ao priorizar a qualidade na alimentação escolar, a Coordenadoria contribui de forma significativa para o desenvolvimento físico, cognitivo e social dos alunos, promovendo um ambiente propício ao aprendizado e ao crescimento integral. A partir de 2021, a Administração Municipal adotou uma nova abordagem para a alimentação escolar, com investimentos e reestruturação de ações, baseados nas Resoluções CD/FNDE Nº 06/2020, Nº 20/2020 e Nº 21/2021 do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), além do Guia Alimentar para a População Brasileira e o Guia Alimentar para Menores de 2 anos, possibilitando um novo planejamento de adequação do cardápio. Foi necessário conscientizar colaboradores da Rede e ampliar o diálogo com responsáveis nas escolas. Além disso, em articulação com a Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural e com a EMATER/ASCAR do Rio Grande do Sul, houve incentivo à participação de produtores da agricultura familiar, integrando alimentos frescos e sazonais ao cotidiano da alimentação escolar. As novas diretrizes, pautadas em recomendações de saúde e nutrição publicadas desde 2013, incluíram o Guia Alimentar (BRASIL, 2014), o Plano de Ação para Prevenção da Obesidade Infantil (2014), o Modelo de Perfil Nutricional (2016) e o Guia para Crianças Menores de Dois Anos (2019). Essas atualizações consideram mudanças globais e nacionais que impactam o perfil nutricional da população, refletindo a realidade brasileira. Para o planejamento de curto prazo, o cardápio foi adaptado à legislação, com mais alimentos in natura, minimamente processados e processados. Alimentos ultraprocessados foram excluídos, e o açúcar reduzido. A comunidade escolar foi conscientizada sobre a importância dessa mudança. Em médio prazo, houve movimentação da agricultura familiar regional para atender a demanda de mais de 18 mil alunos, entre Educação Infantil e Ensino Fundamental, somando aproximadamente 21 mil refeições diárias. Esse processo envolveu colaboração direta com agricultores e cooperativas para garantir a viabilidade do novo cardápio. No planejamento de longo prazo, mantêm-se os objetivos anteriores, além de atividades educativas para cozinheiros e encontros com agricultores, que participam de capacitações bimestrais. A Administração Municipal busca aprimorar seus processos internos e o apoio à agricultura familiar. O PNAE financia parte da alimentação escolar, atendendo alunos da educação básica nas redes municipais, estaduais e federais e entidades filantrópicas conveniadas. Os recursos do governo federal, distribuídos pelo censo escolar, são organizados conforme a modalidade de ensino, variando de R$ 0,50 a R$ 1,37 por aluno, com o maior aporte financeiro da Administração Municipal para cumprir as normas federais. A Agricultura Familiar no Processo de Qualificação da Alimentação Escolar A CNE busca não apenas oferecer refeições equilibradas, mas também fortalecer a conexão entre a escola e agricultores locais, promovendo a sustentabilidade e o desenvolvimento econômico. A inclusão de produtos da agricultura familiar diminui a pegada ambiental, incentivando práticas agrícolas responsáveis e sustentáveis, o que contribui para a valorização dos produtores e a economia regional. Reuniões Trimestrais com a Agricultura Familiar O processo de compra da agricultura familiar é construído com participação dos agricultores, Secretaria de Desenvolvimento Rural, Educação e apoio da Emater/Ascar Passo Fundo e Erechim. Desde 2021, reuniões trimestrais possibilitam feedbacks e ajustes. Embora a Resolução Nº 6/2020 exija 30% de recursos federais para compras de agricultura familiar, o Município utiliza mais de 80% dos recursos totais para alimentação escolar, com aporte adicional do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). A implementação do PAA pela Coordenadoria de Nutrição é vital para a segurança alimentar e nutricional, permitindo a compra direta de alimentos da agricultura familiar para atender a quem enfrenta insegurança alimentar e escolas da rede pública e filantrópica. O PAA impulsiona a economia local, promove práticas sustentáveis e assegura uma dieta diversificada e culturalmente relevante para os estudantes. Com a adoção do PAA-CI, Passo Fundo se destaca, sendo convidado a compartilhar suas práticas com outros municípios. A colaboração com agricultores e cooperativas fortalece a oferta de uma alimentação saudável e sustentável, com impacto positivo na comunidade. A CNE realiza visitas técnicas às propriedades rurais para avaliar a produtividade, métodos de cultivo e logística. Essa interação facilita o desenvolvimento de soluções para desafios relacionados à sazonalidade, estocagem e distribuição, promovendo um trabalho contínuo em prol da qualidade alimentar. As visitas da equipe de Nutrição Escolar às escolas são essenciais para promover práticas alimentares saudáveis e assegurar a qualidade dos serviços de alimentação. Nessas visitas, são dadas orientações sobre o armazenamento, preparo e distribuição dos alimentos, garantindo um ambiente seguro e nutritivo. O Programa “Da Escola ao Campo” é um projeto inovador da Coordenadoria de Nutrição que busca conectar a educação alimentar dos alunos à produção agrícola local, promovendo uma conscientização sustentável. Os alunos visitam propriedades rurais e participam de atividades práticas, compreendendo a origem dos alimentos e fortalecendo a relação com produtores locais. Em 2023, foram servidas mais de 3 milhões de refeições, totalizando 70 toneladas de alimentos distribuídos. Além disso, ocorreram capacitações para cozinheiros(as), com foco em boas práticas e preparo adequado dos alimentos. Houve avanços significativos na aquisição de produtos da agricultura familiar, aumentando o número de fornecedores locais. Essas ações resultaram em um investimento de 7 milhões de reais em 2023 (4,5 milhões para agricultura familiar), garantindo uma alimentação saudável e de qualidade para os alunos de Passo Fundo.

Análise da Assessoria e Monitoramento do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) no Município de São Gabriel da Cachoeira – Amazonas: Um Relato de Experiência sobre conquistas

Por meio do projeto de extensão “Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição do Escolar (CECANE)” da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), em parceria com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), é desenvolvido um dos produtos focados no “Monitoramento e Assessoria às Entidades Executoras nos Estados do Amazonas e Roraima”. Este produto tem como objetivo acompanhar a execução do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) nos municípios selecionados pelo FNDE, que recebem suporte técnico e monitoramento conforme os critérios estabelecidos por essa instituição. A execução dessas atividades é realizada por agentes do PNAE, que garantem a efetividade e a conformidade das ações alimentares e nutricionais no âmbito escolar, segundo as recomendações estabelecidas pelo PNAE. 

São Gabriel da Cachoeira, situado no estado do Amazonas, destaca-se por sua notável diversidade indígena, abrigando mais de 23 etnias, entre as quais se incluem os Yanomami, Tukano e Baniwa. Essa pluralidade cultural é refletida nas línguas, tradições e modos de vida das comunidades locais, que coexistem em harmonia com a rica biodiversidade da floresta amazônica. O município é único no Brasil que possui quatro línguas oficiais: português, além de Baniwa, Tucano, Nheengatu e Yanomami. A implementação de políticas públicas e programas destinados à proteção e valorização das culturas indígenas é essencial para a preservação do patrimônio cultural, além de ser um fator determinante para a promoção da saúde e inclusão social dessas populações. 

É importante ressaltar que todas as escolas do município são voltadas para a modalidade de ensino indígena, levando à criação da Secretaria Municipal de Educação Indígena (SEMEDI), que visa atender às necessidades específicas e às características culturais dos alunos indígenas, assegurando uma educação que respeite e valorize suas identidades.

Diante da necessidade de preservar as tradições culturais indígenas, especialmente no que tange à alimentação, o PNAE estabeleceu diretrizes que asseguram que as escolas de modalidades de ensino indígena recebam repasses federais específicos. Além disso, a elaboração de cardápios deve respeitar e manter os costumes alimentares das comunidades indígenas, conforme preconizado pela § 3º do art. 17 da Resolução CD/FNDE nº 6 de 8 de maio de 2020.  Essas diretrizes visam garantir a adequação nutricional, garantindo 30% das necessidades nutricionais diárias em período parcial e, também cultural dos alimentos fornecidos nas escolas, promovendo a valorização das práticas alimentares tradicionais e contribuindo para a manutenção da identidade cultural indígena, onde os estudantes matriculados em escolas de educação básica localizadas em áreas indígenas e remanescentes de quilombos, em período parcial, passaram a receber R$ 0,86 per capta; conforme disposto na Resolução Nº 2, de 10 de março de 2023.

A visita das agentes do PNAE, em representação ao FNDE, é organizada por meio de uma agenda de demandas que orienta as atividades a serem desenvolvidas junto à entidade executora do município, conforme estabelecido no plano de trabalho do produto. As ações do produto “Monitoramento e Assessoria às Entidades Executoras” têm a duração de cinco dias úteis e incluem um cronograma estruturado, que abrange reuniões específicas para a análise de documentos e aplicação de questionários. Essas reuniões são realizadas com o Conselho de Alimentação Escolar, o nutricionista responsável técnico, com o setor de compras com intuito de realizar análise dos documentos e representantes da agricultura familiar, incluindo agricultores. Além disso, são previstas visitas ao depósito central de alimentação escolar e às escolas municipais, tanto urbanas quanto rurais, incluindo comunidades indígenas e/ou quilombolas (quando aplicável). Este processo abrange diferentes modalidades de ensino e culmina com a formação dos atores sociais envolvidos no PNAE, promovendo a efetividade das suas atribuições.

Chamou a atenção o fato de o município de São Gabriel da Cachoeira ofertar alimentos orgânicos na alimentação escolar, recomendado de acordo com o disposto no art. 23 da Resolução/CD/FNDE n.º 6/2020, o qual enfatiza que a aquisição de gêneros alimentícios, no âmbito do PNAE, deverá obedecer ao cardápio planejado pelo nutricionista, observando as diretrizes desta Resolução, e deverá ser realizada, sempre que possível, no mesmo ente federativo em que se localizam as escolas, priorizando os alimentos orgânicos e/ou agroecológicos. Os certificados de alimentos orgânicos adquiridos pela ASSOCIAÇÃO INDÍGENA DA ETNIA TUYUKA MORADORES DE SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA – AIETUM – SGC, CNPJ: 041.101.357/0001-43, são frutos de uma parceria com uma instituição que os ajudou a garantir o certificado por meio de formações, orientações e assessoria. O presidente da Associação e contribuir como membro do conselho de alimentação escolar do município.

Este relato tem como objetivo evidenciar os aspectos positivos e a relevância dos incentivos proporcionados pela legislação vigente do PNAE para estimular os agricultores locais a se informarem e capacitarem no fornecimento de alimentos oriundos da agricultura familiar. A aquisição desses produtos ocorre por meio de chamadas públicas e/ou específicas, promovendo a inclusão dos pequenos produtores no sistema de abastecimento escolar. Ademais, destaca-se o papel fundamental dos CECANEs, que, por meio de seu apoio e perseverança, têm contribuído significativamente para a consolidação da democracia no que diz respeito aos direitos dos alunos a uma alimentação mais nutritiva e natural. Essa iniciativa não apenas fortalece a agricultura local, mas também promove uma alimentação saudável e culturalmente adequada nas instituições educacionais, beneficiando assim a saúde e o bem-estar dos estudantes.

Viagem do CECANE UFAM para as comunidades Yanomami em Roraima

Com objetivo de dar suporte técnico ao desenvolvimento das ações do Programa Nacional de Alimentação Escolar-PNAE com ênfase nas atividades relacionadas à alimentação escolar indígena Yanomami no estado de Roraima, o CECANE UFAM realizou no mês de abril visitas às comunidades dessas etnias. Após o replanejamento para as aldeias a serem visitadas, foram iniciadas a execução no dia 24 de abril de 2024 para comunidade indígena Yanomami Auaris, essa região possui quatro comunidades indígenas e o acesso para chegar a elas da base do aeroporto leva ao todo 40 minutos e por conta do limite de tempo da hora voo, optou-se como forma estratégica antecipada e acordada com as lideranças previamente, fazer uma roda de conversa com eles na base do aeroporto, onde tinha espaço coberto para realizar as reuniões. Foi realizada também visita a comunidade do baixo Mucajaí e as rodas de conversas tiveram como temas o Programa da Alimentação Escolar – PNAE nas comunidades indígenas; Nota Técnica 03/2020 DA 6º CCR; Recurso do FNDE para compra da agricultura familiar; Realização de mapeamento agrícola da comunidade; Documentos necessários dos agricultores familiares indígenas para vender para o PNAE; Distribuição de panfletos com o tema: Como vender para o PNAE e Solicitação de ajuda dos professores para realizar atividades com os alunos para levantamento da lista de alimentos da cultura local e do que eles gostariam de comer na escola.

Foram realizadas também reuniões com os gestores da Secretaria Estadual de Educação de Roraima, assessorando os mesmos para que eles realizassem a chamada pública da agricultura familiar para compra de alimentos para as comunidades indígenas Yanomamis com objetivo de contribuir com a segurança alimentar e nutricional dos escolares. O CECANE UFAM continua acompanhando essa situação não apenas ao nível estadual, mas também ao nível municipal para alcançar os escolares indígenas de Roraima, entre outros.

Inserção de uma PANC (Ora-pro-nóbis) nos Cardápios Escolares de 8 Escolas da Zona Rural do Município de Rio Verde (GO)

A introdução de plantas alimentícias não convencionais (PANC) nos cardápios escolares faz parte de um esforço conjunto entre a Secretaria de Educação do município de Rio Verde (GO), agricultores locais e nutricionistas. A Ora-pro-nóbis, uma planta rica em nutrientes, é nativa da região e pode ser cultivada de forma sustentável, tornando-a uma excelente escolha para enriquecer a dieta dos escolares. A iniciativa teve por objetivo promover uma alimentação mais diversificada, saudável e sustentável para os alunos, além de valorizar e incentivar o cultivo das PANC na região. A equipe envolvida no projeto é composta pelos seguintes profissionais nutricionistas: Amanda Flauzina Barbosa, Rebeca Azevedo Silva, Mariana Arcanjo Ribeiro, Layane Vilela Marques dos Santos, Miriã Gonçalves Vieira e Débora Fernanda Sartori (Responsável Técnico).

A implementação da Ora-pro-nóbis nos cardápios escolares das escolas rurais de Rio Verde ocorreu nas seguintes etapas:

– Treinamento e Sensibilização: no final de 2022, os cozinheiros e nutricionistas das escolas foram treinados sobre o cultivo, preparo e uso da Ora-pro-nóbis na alimentação escolar;

– Aquisição e Introdução gradual: no início de 2023, a Ora-pro-nóbis foi introduzida nos cardápios escolares das 8 escolas da zona rural, com a inclusão da planta em pratos como feijão tropeiro, carnes aos molhos, sopas, quibebe e farofas;

– Monitoramento e Avaliação: durante o ano letivo, os nutricionistas acompanharam de perto a aceitação da Ora-pro-nóbis pelos alunos e avaliaram seu impacto na nutrição e saúde das crianças.

Após a implementação da PANC nos cardápios escolares das escolas rurais de Rio Verde, foram observados os seguintes resultados:

– Diversificação alimentar: a introdução da Ora-pro-nóbis enriqueceu significativamente a diversidade alimentar dos alunos, fornecendo uma fonte adicional de nutrientes;

– Aceitação pelos alunos: a maioria dos alunos demonstrou boa aceitação da Ora-pro-nóbis;

– Melhoria na nutrição: a inclusão da Ora-pro-nóbis não apenas diversificou as refeições, mas também contribuiu para uma melhoria na qualidade nutricional da alimentação escolar.

Nesse sentido, a inserção da Ora-pro-nóbis nos cardápios escolares das escolas rurais do município de Rio Verde desde janeiro de 2023 foi uma iniciativa considerada exitosa. Ela contribuiu para a diversificação alimentar, a promoção da agricultura local e a melhoria na qualidade nutricional das refeições escolares. Embora tenham sido enfrentados desafios, os resultados obtidos até o momento indicam que a iniciativa está no caminho certo para atingir seus objetivos, visando proporcionar uma alimentação mais saudável e sustentável para os alunos da zona rural de Rio Verde.

Programa Norminha: uma forma para contribuir na boa execução do PNAE

O Conselho de Alimentação Escolar (CAE) de Cachoeirinha é formado por 14 integrantes, sendo sete titulares e sete suplentes, além de diversos outros colaboradores que participam de forma voluntária. Tendo como princípio básico a união e a coletividade, para que se consiga alcançar os objetivos propostos ao CAE, bem como a eficiência no uso dos recursos do PNAE nas escolas públicas, desde 1995, o CAE do município de Cachoeirinha/RS vem atuando em prol do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). O atual Conselho, nomeado no ano de 2022, se propôs a escrever a experiência do último ano a qual vêm se dedicando.

O município atende hoje cerca de 14 mil alunos, sendo de rede pública e privada conveniada, do ensino básico até o EJA.

O CAE de Cachoeirinha conta também com o apoio da Secretaria Municipal de Educação, especialmente com o Departamento de Nutrição e Alimentação Escolar, o qual é responsável pelo recebimento, armazenamento, distribuição dos alimentos e também pela elaboração de cardápios, entre outros. Este departamento assim como as demais pastas públicas vinculadas à SMED e demais vinculadas à alimentação escolar, prestam uma assistência significativa nas demandas das ações e nas solicitações de físicas, digitais e documentais, bem como no que se refere à transparência e participação do CAE nos processos globais, assim facilitando o processo de fiscalização e controle feito pelo CAE.

Para que houvesse eficácia na utilização dos recursos advindos do PNAE, foi realizado uma avaliação e um diagnóstico criterioso pelo CAE. Com isso, foi observado falta de comunicação, agilidade e conhecimento das escolas e dos profissionais sobre a importância do trabalho deste Conselho. Também foi observado resistência por parte de alguns profissionais vinculados às escolas, no cumprimento das legislações vigentes, principalmente com relação ao consumo de açúcar e alimentos ultraprocessados.

Como solução, criou-se redes sociais, como canais no YouTube, páginas no Instagram e um site próprio, para que fossem divulgadas as ações, cursos ofertados pelo próprio CAE e outras instituições, transparência, divulgação das legislações e entre outros, envolvendo o PNAE.

Também foi criado um aplicativo móvel, o qual está no momento em reprogramação, para implantação de um Programa de Gamificação, à ser implantado ainda no primeiro semestre de 2024, sendo este compatível com todos os sistemas operacionais, com intuito de gerar maior agilidade na comunicação entre as escolas, profissionais e comunidade com o CAE, visando ainda o aumento significativo da participação e controle social popular, por parte dos pais de alunos matriculados na rede pública municipal, principalmente. Este aplicativo foi ofertado na forma de doação, por colaboradores voluntários da causa.

Além disso, foi observado uma urgência na melhoria e ampliação da fiscalização no controle de qualidade dos alimentos oferecidos aos alunos, com objetivo de prevenção de danos à saúde.

Desta forma, para englobar todos estes assuntos de uma maneira onde houvesse empenho e aceitabilidade do meio escolar e dos profissionais, foi criado o Programa Norminha, tendo este como mascote, uma Foca chamada Norma Pinna Vitullina, que de forma lúdica além de atuar juntamente com os profissionais da escola, departamentos da prefeitura e comunidade, atua também levando a importância de conceitos e valores éticos e sociais aos alunos, registrado através de interações afetivas positivas dos mesmos com a Norminha, em intervenções diretas e por meio de HQs (histórias em quadrinhos). Todo este trabalhado teve o apoio e trabalho das nutricionistas do DNAE, bem como dos estagiários em nutrição lotados na prefeitura e da universidade CESUCA.